UM PAÍS TODO PIPI
Quis o destino que fosse dar uma aula na zona da Praça da Alegria (Lisboa). E que visse um amigo a entrar para o Maxims, onde um cartaz anunciava a festa de lançamento do livro O MEU PIPI. Lembrei-me do convite que tinha recebido, entrei e deparei com um cabaré cheio de homens, uma mesa com um editor (respeitável), um desconhecido e uma bomba. Não tardou que o vernáculo explodisse, perante uma plateia semi-delirante.
Já o disse e repito: ler um post do Pipi tem alguma graça; a gente não está habituada ao palavrão grosso e ri-se. Como alguém que dá um peido num jantar de cerimónia e os convivas não conseguem conter o riso durante uns minutos. Depois cansa. A alguns, pelo menos. Não todos, ou não haveria gente a subir ruas e a propôr passar aquilo a livro. Nem gente para o comprar.
Não tenho nada a dizer sobre a qualidade da prosa.. Mas não quero viver no mesmo país que esta gente.
Não tem a ver com puritanismo ou com vontade de ter um país certinho de gente a discutir literatura e cinema. Não. Tem mais a ver com a fartura de riso alarve. É a boçalidade estar por toda a parte que me deixa este sentimento de desolação.
Baptista-Bastos, aquando da publicação do seu último romance, No Interior da Tua Ausência, terá falado num país "abandonado".
É assim que eu me sinto hoje, ao olhar aquela mesa; ao ouvir esta mancha de BigBrother que alastra: um português à deriva.
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